Saturday, April 24, 2010

Ô produção!

Olá, caríssim@s!

Foi-me passada a incumbência de postar algo nesse blog, pra revezar com Pablo, nosso blogueiro oficial. Como eu não tenho pra fazer além de 3 bandas, 3 empregos, família, namorada e outras coisas, resolvi sair da teoria para a prática.
O motivo dessa postagem é bem simples: eu venho falar de coisas técnicas, chatas pra caceta, mas que talvez a algum ser humano (ou não) possa interessar. O post de hoje, car@s seguidor@s do blog, é sobre o equipamento utilizado em nossas gravações. Não tenho a ilusão de que todos os que lerem meu manuscrito (teclascrito?) o compreenderão. Beleza, jargão técnico pra 90% do povo é sânscrito. Mas não tenham a ilusão de que eu realmente me importe com isso.
Sinceridade é tudo nessa vida. Tendo dito isso, vamos ao que interessa.

Microfones:


São coisas usadas para capturar o som. Apesar disso, ele insistentemente foge da captura e sai por aí livre, por entre as frestas das portas do closet de mamãe (veja os posts anteriores) para aterrorizar a vizinhança que queria, pobrezinha, dormir ou ver o Macaulay Culkin pela 9034824ª vez na Sessão da Tarde. Esse efeito indesejável do som alto é mais gravemente percebido quando gravamos as guitarras (Rafa and Roll, baby!).
Essa captura se dá da seguinte forma: o som, que é uma onda mecânica a se propagar (pelo menos no caso da música q seres humanos costumam ouvir diariamente) pelo ar, precisa ser transformado em um impulso elétrico, que vai correr por um fio e estimular um aparelho qualquer que vai registar isso (mesa de som, placa de som de PC, amplificador, vitrola da vovó, etc.). Os modos pelos quais um microfone pode transformar o impulso mecânico em elétrico variam, e definem as principais categorias de mics (abreviatura de microfones, utilizarei-a para poupar meus dedos doravante).
Vale lembrar que não existe o mic perfeito: ele é um corpo que ocupa um lugar no espaço, e invariavelmente vai alterar o som capturado. Logo, num bom estúdio há sempre vários mics, para o produtor usar um que tenha uma "coloração" (eu sei que cor é coisa de visão e não audição, mas juro que esse é o termo correto) adequada para o efeito que ele quer dar ao som gravado de um instrumento.

1) Dinâmicos: Utilizam um sistema que envolve um diafragma (membrana fina) que move uma bobina. Traduzindo: é tipo um alto-falante, só que funciona ao contrário. Em vez de entrar eletricidade que move uma membrana que agita o ar, são as agitações do ar que movem a membrana e assim por diante.
Vantagens: são baratos e resistentes (logo, ideais pra microfonar tambores e levar baquetadas insandecidas sem querer numa boa), podendo ser vendidos como usados quase pelo preço que você pagou por eles novos. Além disso, têm um som mais "quente", rústico, e não capturam muitos ruídos do ambiente além do que você realmente quer (o que os faz os reis da microfonação ao vivo, onde tem retorno no palco, o som de outros instrumentistas, o público bêbado gritando, etc.).
Desvantagens: não são os melhores em termos de fidelidade, tendo uma coloração muito forte, dando uma impressão de qualidade fraca a muitos tipos de som. De fato, um bom estúdio não pode contar só com mics dinâmicos.
E que mics dinâmicos estamos usando, você pergunta. Eu respondo:

Shure DMK 57-52: É um kit de microfones de bateria da Shure (uma marca bem conhecida), que conta com 1 mic Beta 52A (o grandão na foto, ideal para fontes fortes e graves, como bumbos de bateria, surdo de samba, amp de baixo, etc.) e 3 mics SM-57 (o lendário, muuuuito utilizado dos estúdios mais furrecas aos milinários, bom para fontes agudas e fortes, como caixas, tons, amps de guitarras ou vocalistas berrantes). Logo, é um kit vendido como mics d bateria, mas são utilizados aqui para muitas coisas. Com ele gravamos caixas, tons, guitarras e alguns vocais mais rock.



Shure SM-58: O sonho de consumo de todo vocalista iniciante. Bom e barato, com um som bem razoável, capta muito bem a fonte frontal (oq vc realmente quer gravar) deixando mudo todo o resto do mundo. Imperador dos cantores de bar por esse mesmo motivo. Com ele gravamos todas as vozes guias (eu cantando desafinado, q serve só pra gente saber em q parte da música estamos antes do Branco, nosso vocalista, mostrar como se canta de verdade. A guia não aparece na versão final que chegará a vocês!). Também gravaremos o surdo da bateria (e esse sim vai pro mix final).



2) Condensadores: A captação se dá por um diafragma metálico que fica em frente a uma placa de metal eletrificada. A vibração do ar faz com que o diafragma se aproxime da placa, alterando sua voltagem, que é então amplificada e passada ao fio.
Vantagens: qualidade do som. A diferença quando se usa condensadores é animal. Eles pegam até as mais sutis vibrações do ar. Logo, se você quer a qualidade de som daqueles violinos maravilhosos, da voz sedosa, o violão de luthier que custa uma moto popular, esse é o mic que você quer usar.
Desvantagens: esses mics são umas bicthes. Força não é nada sem controle, e é f*** controlar esse tipo de mic. O pé do vocalista batendo discretamente no chão, o metrônomo que o violonista está ouvindo no headphone (que é fechado, veja bem), TUDO isso tem grandes chances de ser captado. O que obviamente pode virar um inferno na hora de mixar. Imagine se sua sala de gravação fosse o closet da sua mãe então? O pedreiro do prédio ao lado certamente fará umas percussões acidentais no nosso demo (vai parecer fora do ritmo, mas é impressão sua). Além disso, esse tipo de mic precisa de alimentação elétrica para funcionar, que pode ser por pilhas/baterias (logo usar esse mic implica gastos regulares) ou pela própria mesa, que pode eletrificar o cabo de som (chama-se phantom power, e é o que eu uso de fato, obviamente tomando uns choques de vez em quando). Além disso, vale citar que um mic dinâmico caro pode sair por uns 800 reais. Condensador? Os mais baratos são nessa faixa. Os mais caros chegam a mais de 10.000.
Nossos condensadores:

AKG Perception 420: A AKG é uma marca fodaraça e obviamente fora do meu orçamento. Mas para minha incrível sorte, eles lançaram uma linha de custo benefício excelentes, para o público de home studio (meu caso), com muita qualidade sonora, corpo de metal maciço e preços razoáveis. Esse é um mic de diafragma grande, ideal para sons encorpados como vozes, sopros, pianos e alguns tipos de tambores. Com ele gravamos as vozes finais (maioria), percussões aleatórias, contratempo de bateria, violões e outras cositas más.




AKG Perception 170: Da mesma linha bom e barato da AKG, um par de mics condensadores de diafragma pequeno. Esses guris aguentam uma pressão sonora maior, sendo ideais pra gravar fontes mais estridentes e cheias de harmônicos, como pratos da bateria. Além disso, eles são bem direcionais (captam quase exclusivamente só na frente), sendo bons pra gravarmos a esquerda e a direita de alguns instrumentos grandes, como piano de cauda e bateria e dar a impressão de som estéreo na mixagem. Com eles gravamos pratos de bateria, percussões aleatórias, vocais conjuntos nonsense e os violões (captação na ponte).

Shure WH30XLR: Na verdade eu comprei esse pra usar só ao vivo mesmo. É um headset, mas é mais popularmente conhecido pelo ícone do pop que o imortalizou (usa-se o termo mic Madonna). Dá uma certa aparência gay a quem o usa, é verdade (culpa ainda da Madonna), mas é muito bom pra quem toca sentado em um instrumento grande e imóvel (o baterista, no caso eu), porque aí você pode cantar enquanto toca e de quebra OLHAR pra onde vc quiser (é, um luxo, não ficar olhando fixamente pras caixas de sol na lateral do palco). Eu uso ele na verdade pra me comunicar com quem está no closet sem precisar usar o método do berro. Esse mic então fica comigo na mesa de som, pra passar instruções pra quem ainda não saiu do armário.

Interface digital:

Não adianta nada os mics serem lindos se não tem pra onde passar o sinal elétrico que eles fazem. Usamos aqui uma placa de captura de som, que transforma os picos elétricos em zeros e uns (código binário, computador, aquela coisa). Daí o som passa da interface para o computador por um cabo USB 2.0 (esse você conhece), e o PC grava arquivos de som em um HD externo de 500 GB que temos só pras gravações. Legal, hein?



Tascam US-1641: Plaquinha boa da peste! Um achado na amazon.com, bem barata pro que oferece. São 16 entradas e 4 saídas, possibilitando gravar desde 1 mic de voz até 8 simultâneos que uma bateria de verdade exige.



E por hoje é só, pessoal! Queria agradecer a todos que puderam trazer esses itens dos EUA pro Brasil pra mim (não, seria impossível com meu dinheiro comprar esse tempo de coisa aqui).
E pra quem teve a paciência de ler, obrigado também! Cabe ressaltar que acho extremanete sexy gente que domina esse tipo de informação técnica, então na pior das hipóteses, vc pode decorar uma coisa ou outra aqui e usar isso numa conversa de bar pra me dar um mole mais eficiente. Se achar que vale a pena, claro.

5 comments:

  1. hua... vc é a figura... isso é quase uma tese de mestrado.

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  2. Fiquei com preguiça de ler tudo. Prontofalei.

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  3. Eu tb Marcella! Eu também...

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  4. Mas a Marcella já me deu um mole eficiente sem essas informações. Vc, Rafael, vai ter que se esforçar...

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  5. Ola! eu achei seu blogs e post no google pois estou querendo comprar uma Tascam Us-1641, ela grava somente 8 canais simultaneos ou grava os 16? obrigado pela atenção e se puder me ajudar

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